segunda-feira, 20 de abril de 2015

CORTÁZAR, Julio. In: O Jogo da Amarelinha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.


Mais uma leva de citações. Desta vez foi Cortázar o escolhido, dentre os nomes que leio no momento. Estou amarrada na leitura de Virgínia Woolf (Noite e Dia) e Rudyard Kipling (A casa dos desejos e outros contos escolhidos por Jorge Luis Borges), portanto precisava retornar ao febril Cortázar e desamarrar um pouco a atualização deste amado espaço.
Me apaixonei pela escrita fluida de Julio. Há tempos tenho tido contato com este trabalho, mas em "O Jogo da Amarelinha" a situação se tornou irreversível.

Fica o recorte e a dica de leitura.

Irei sentindo cada vez menos e recordando cada vez mais, mas o que é a recordação, afinal, senão o idioma dos sentimentos, um dicionário de rostos e dias e perfumes que voltam como os verbos e os adjetivos no discurso, adiantando-se disfarçados, à coisa em si, ao presente puro, entristecendo-nos ou lecionando-nos vicariamente até que o próprio ser se torna vicário, o rosto que olha para trás abre muito os olhos, o verdadeiro rosto se mancha pouco a pouco como nas velhas fotografias e Jano, de repente, é igual a qualquer um de nós. (Capítulo 21 - p.116)